Não sei se de carona na razão ou na rasura me aboleto. De tanto apanhar loucura emprestada dos outros, caí na esparrela de botar na caixa de miolos a ideia mais fixa que Corega em boca de banguelo de levar essa vidinha classe mediana ilhoa e aculturada a sério. Eu bem que fiz um esforcinho, mas o meu bucho não teve talento pra digerir essa pachequice toda.
O negócio é que aprendi que, quando se fala em produção cultural na muralha verde, que é de onde menos se espera, não sai nada mesmo. Não adianta dizer ou fazer aquilo em que se acredita e pensar que algum cacique azedo não vá meter o pau e balangar o beiço em desaprovação. Fazer e transmitir cultura nesta terra de botocudos de All-Star é coisa pra maluco ou desavisado, e ai de quem pensar o contrário.
“Ah, mas temos tantas manifestações culturais que estão em evidência”, diriam alguns... Os mesmos que ocupam lugares privilegiados ou que de alguma forma se beneficiam das manobras desastrosas e/ou mal-intencionadas das secretarias responsáveis pela organização, e por que não dizer, da devoção burra e preguiçosa ao mais do mesmo. Fala sério! Vamos diversificar, cambada! É preciso ceder para conquistar. E eu não to falando do “puder”, não. Dar passagem ao novo e verdadeiramente bom é o mais importante.
Eu, por meu turno, faço a minha parte. Sei que isso parece discurso de quem está por fora da mamata e admito que provavelmente seja isto mesmo. Reconheço solenemente a minha ruindade fonética, semântica e estilística, ao mesmo tempo em que assumo a minha inaptidão em lidar com o teor de canalhice dos que não se assumem como porqueiras e se agarram desesperados feito carcará nos bagos de quem decide os rumos do que é produzido e veiculado por aqui.
Fazer isso é mole, não vejo problema nenhum. Aliás, nem tenho a falsa pretensão de acreditar que alguém possa se comover e afogar as meninas dos olhos se, por acaso, essa minha brabeza de Coronel Ponciano traduzida para o português, com acordo ortográfico e tudo mais cair em suas mãos incautas. Eu, pelo menos, dou a cara pra bater e não ganho nada pra isso. Tem gente que ganha pra isso e dá outra coisa pra bater ao invés da cara...
É imperativo refrescar corretamente as bandas do predicado nadegal e dar lugar a quem quer usar a cabecinha fervilhante de ideias com algo que realmente valha a pena ser transmitido de uma geração à outra. Cultura é isso, amigos. Levada ao pé do Aurélio é o processo ou estado de desenvolvimento social de um grupo, um povo, uma nação, que resulta do aprimoramento de seus valores, instituições, criações e o escambau. Há de ser assim, meus caros. Caso contrário, a nossa culturinha morre de fome. Tá na hora de efetivamente se construir uma identidade cultural e artística capixaba, abafada durante tantos anos e que agora ousa em por as mangas de fora ao questionar a eficácia do binômio panela de barro/congo.
Dói-me o cocuruto saber que por aí está coalhado de gente talentosa, com vontade de fazer a diferença e ensinar a barbudos, falsos cabeças e purpurinados platicéfalos engessados pela burrocracia que a cultura salva, e mais de uma vez.
Agora, o que me derruba os cabelos de verdade é saber que ninguém vai sequer se dar ao trabalho de levar a sério essas sandices que acabo de escrever. É mais um exemplo de produção, cultural ou não, natimorto. Bom, pelo menos houve esforço. É assim mesmo, cada um mostra o que tem. Quem não tem nada de bom, mostra o que pode. Quanto a mim, só me restou mostrar a cara-de-pau e o bolso vazio.
quinta-feira, 13 de maio de 2010
Tratado sobre a amizade.
Somos animais que se relacionam norteados pela premissa básica da proteção que um grupo maior oferece, e esse grupo é definido não pelas qualidades individuais, mas pelo nível de fluidez e afinidade dos nossos desvios de caráter. Ou seja, o artifício desenvolvido pelo Homo Sapiens para assegurar a paz e a boa con (veniência) vivência entre seus pares nada mais é que a sua tendência a ser canalha. A começar por este que tecla.
A velhacaria impera nesse mundão de meu Deus. O engraçado é que alguns tipos de safadagem encontram coro em uma costela igualmente pilantra e, quando isso acontece, o dito adjetivo muda de mala e cuia para outro ramo lexical. O sem-vergonha passa a ser “uma figura”. Aí, tudo vira festa, e tome mais uma gelada, vanja vai, vanja vem, o infeliz canta a sua senhora, você finge que não viu pra não se aborrecer e pronto.
Da cabecinha ressentida da falta de aditivos do papai aqui escapolem considerações a respeito dos motivos que levam quem não vale a merda que o gato enterra a fazer o que faz. Quase sempre o cabra se faz valer do fato de ser o mais divertido da turma, o piadista, o bonitão ou tudo no mesmo pacote. O ponto G da questão é que o pobre coitado do certinho, aquele, o fodidinho, que anda na risca de giz da vida com um mínimo de retidão, invariavelmente se nega solenemente a aceitá-lo como mais novo melhor amigo_ por ver em seus olhos uma pá de más-intenções_ e acaba por encontrar uma pedra no caminho: o rótulo de chato.
E o “título de nobreza” pega pra valer, ainda mais se o Caxias em questão for um cara desprovido de estratégia. Para o danado, tudo no fiofó. Nada de novos amores ou novos ódios, nada de ideias frescas com a vocação inata pra fazer o babaca mais próximo arreganhar os dentes. Pra poder brigar com o pé-de-malvadeza em questão, é preciso muito conhecimento acerca da personalidade das demais “figuras” com quem você e o palhaço dividem a mesa no boteco, a alcova ou o papo de uma sala de espera qualquer. Pra começo de conversa, é imperativo fazer um exame de consciência e se fazer a seguinte pergunta: quais são os critérios usados na escolha dos seus amigos?
E eu respondo que se você se pautou pela simpatia ou pela empatia, se lascou, meu caro. O que realmente solidifica uma amizade, seja ela verdadeira ou não, não é exatamente uma ou outra virtude, que isso até uma zebra está cheia. O que conta de verdade é o quanto você é capaz de suportar o teor de canalhice do outro. Seja por conveniência, solidão ou, principalmente falta do que fazer. Não importa o motivo, desde que ao lado de outro igualmente sem-vergonha você seja a maioria. É isso ou pedir penico e viver só. Mas sejamos sinceros: Há penico pra todo mundo?
A velhacaria impera nesse mundão de meu Deus. O engraçado é que alguns tipos de safadagem encontram coro em uma costela igualmente pilantra e, quando isso acontece, o dito adjetivo muda de mala e cuia para outro ramo lexical. O sem-vergonha passa a ser “uma figura”. Aí, tudo vira festa, e tome mais uma gelada, vanja vai, vanja vem, o infeliz canta a sua senhora, você finge que não viu pra não se aborrecer e pronto.
Da cabecinha ressentida da falta de aditivos do papai aqui escapolem considerações a respeito dos motivos que levam quem não vale a merda que o gato enterra a fazer o que faz. Quase sempre o cabra se faz valer do fato de ser o mais divertido da turma, o piadista, o bonitão ou tudo no mesmo pacote. O ponto G da questão é que o pobre coitado do certinho, aquele, o fodidinho, que anda na risca de giz da vida com um mínimo de retidão, invariavelmente se nega solenemente a aceitá-lo como mais novo melhor amigo_ por ver em seus olhos uma pá de más-intenções_ e acaba por encontrar uma pedra no caminho: o rótulo de chato.
E o “título de nobreza” pega pra valer, ainda mais se o Caxias em questão for um cara desprovido de estratégia. Para o danado, tudo no fiofó. Nada de novos amores ou novos ódios, nada de ideias frescas com a vocação inata pra fazer o babaca mais próximo arreganhar os dentes. Pra poder brigar com o pé-de-malvadeza em questão, é preciso muito conhecimento acerca da personalidade das demais “figuras” com quem você e o palhaço dividem a mesa no boteco, a alcova ou o papo de uma sala de espera qualquer. Pra começo de conversa, é imperativo fazer um exame de consciência e se fazer a seguinte pergunta: quais são os critérios usados na escolha dos seus amigos?
E eu respondo que se você se pautou pela simpatia ou pela empatia, se lascou, meu caro. O que realmente solidifica uma amizade, seja ela verdadeira ou não, não é exatamente uma ou outra virtude, que isso até uma zebra está cheia. O que conta de verdade é o quanto você é capaz de suportar o teor de canalhice do outro. Seja por conveniência, solidão ou, principalmente falta do que fazer. Não importa o motivo, desde que ao lado de outro igualmente sem-vergonha você seja a maioria. É isso ou pedir penico e viver só. Mas sejamos sinceros: Há penico pra todo mundo?
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